Queda do avião da Voepass: como rede de apoio ajuda familiares das vítimas nove meses após a tragédia
09/05/2025
(Foto: Reprodução) Grupo no Whatsapp formado por parentes das 62 vítimas atua como mecanismo de acolhimento e troca de experiências. Acidente aéreo de 9 de agosto de 2024 foi o maior do Brasil em 17 anos. Imagem feita por drone mostra trabalho das equipes de emergência em local da queda do avião da Voepass em Vinhedo (SP), em 10 de agosto de 2024.
Carla Carniel/ Reuters
Nove meses após a queda do avião da Voepass em Vinhedo (SP), uma rede de apoio criada entre os familiares das vítimas ajuda na tentativa de superar o luto. Entre as ações, está um grupo de Whatsapp com os parentes das 62 vítimas da maior tragédia aérea do Brasil em 17 anos, no qual compartilham as dores, mas, sobretudo, trocam mensagens de esperança.
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A iniciativa do grupo de Whatsapp como um mecanismo de rede de apoio foi uma das ações organizadas pela Associação de Familiares das Vítimas do Voo 2283, criada um mês após o acidente, que aconteceu no dia 9 de agosto do ano passado, para acompanhar as investigações e fazer uma homenagem às vítimas.
O grupo que funciona como apoio engloba, não só os aproximadamente 70 membros da associação, mas todos os familiares das vítimas do acidente para trocar experiências.
"Nele, a gente fala da dor, compartilha os sentimentos, porque, querendo ou não, estamos passando pela mesma dor. Claro que tem a dor de uma mãe, de um pai, de esposa, de filho ou filha, dores de sobrinho, são muitas dores, mas todas as dores são oriundas desta tragédia. Então, ali é um espaço aberto, para a gente compartilhar uma frase, oração, uma música, fotos dos familiares. Esse grupo é mesmo uma rede de apoio", relatou advogada e tesoureira da associação, Bianca Michel Faller, que perdeu o tio Andre Armindo Michel no acidente.
Bianca Michel Faller com o tio André, uma das vítimas do avião da Voepass
Arquivo pessoal
Além do acolhimento, a associação também possui outros canais de comunicação no Whatsapp e faz reuniões periódicas, neste caso só para associados, para deliberar ações e acompanhar as investigações e os desdobramentos do acidente, como o pedido de recuperação judicial e a suspensão das operações da Voepass.
Segundo a advogada, as decisões em relação à companhia aérea em nada afetam o acompanhamento sobre as investigações ou as negociações de indenização de familiares, tratadas diretamente com a seguradora.
A associação tenta, ainda, junto à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), acesso aos documentos de investigação sobre o acidente, que estão em sigilo.
"Nossas conversas são praticamente diárias para resolver demandas de ideias. Temos assembleias e temos nossos whatsapps à disposição de todos os familiares. Essa troca é bem ativa e existe não só entre a diretoria da associação, mas todos os familiares", finalizou Bianca.
Viúva de copiloto do avião da Voepass detalha luto e problemas financeiros
Viúva detalha luto
Em março, a viúva do copiloto do avião da Voepass, Huberto de Campos Alencar, conversou com o g1 falou pela primeira vez sobre o pedido que fez à empresa para que a companhia aérea, ainda que não fosse uma obrigação legal, pagasse as despesas para terminar o túmulo do copiloto.
Durante a conversa de 30 minutos por chamada de vídeo, a esposa de Humberto Alencar ainda detalhou o processo de luto e as transformações que passou junto com o filho para conduzir uma vida sem o "marido, confidente, melhor amigo", e pai, além de Bernardo, de três filhos de outro relacionamento. Assista no vídeo acima.
Em readaptação da estrutura financeira - considerando que a renda familiar vinha apenas do piloto desde 2022 - ela precisou mudar de cidade: foi de Jandira (SP), na Grande São Paulo, para Peruíbe (SP), na Baixada Santista, porque considerou o custo de vida mais barato e para buscar uma rede de apoio, já que um dos irmãos de Humberto mora na cidade. Veja a reportagem completa.
Rosana Ferreira com o marido, Humberto Alencar, copiloto da Voepass que morreu em acidente aéreo
Arquivo pessoal
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Avião que caiu em Vinhedo
Reprodução/TV Globo
Cronologia da queda
O relatório preliminar do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), da Força Aérea Brasileira, divulgado no dia 6 de setembro do ano passado, trouxe informações relevantes sobre o acidente em Vinhedo.
Uma dessas informações foi de que a tripulação relatou uma falha no sistema antigelo. O relatório, contudo, não conseguiu confirmar, com base nos dados da caixa-preta, se isso de fato aconteceu e impactou o desempenho da aeronave.
Pilotos ligados à companhia também relataram viagens exaustivas, condições precárias e ligações da empresa durante folga. Após o acidente, passageiros também compartilharam nas redes sociais experiências ruins envolvendo a companhia.
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Veja, abaixo, a cronologia da queda:
O ATR 72-500 decolou às 11h56 e o voo seguiu tranquilo até 13h20.
O avião subiu até atingir 5 mil metros de altitude às 12h23, e seguiu nessa altura até as 13h21, quando começou a perder altitude, segundo a plataforma Flightradar.
Nesse momento, a aeronave fez uma curva brusca.
De acordo com a Força Aérea Brasileira (FAB), a partir das 13h21 a aeronave não respondeu às chamadas do Controle de Aproximação de São Paulo, bem como não declarou emergência ou reportou estar sob condições meteorológicas adversas.
Às 13h22 – um minuto depois do horário do último registro – a altitude estava em 1.250 metros, uma queda de aproximadamente 4 mil metros.
A velocidade desta queda foi de 440 km/h.
O Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) informou que o “Salvaero” foi acionado às 13h26 e encontrou a aeronave acidentada dentro de um condomínio.
Como era o avião que caiu em Vinhedo
Arte g1
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